
O Brasil, maior país católico do planeta, tem uma religião de feições afro-índigenas e características nacionais. A Umbanda completou 100 anos no dia 15 de novembro de 2008, segundo o censo do IBGE de 2001 ela tem 432 mil adeptos. Sob o lema do Amor, Humildade e Caridade essa religião superou todos os obstáculos como credo popular, haja vista os difíceis momentos em que sua prática virou caso de polícia, pois era proibida.
Durante o Estado Novo, na década de 30, Getúlio Vargas criou a Inspetoria de Entorpecentes e Mistificações para combater seus cultos, época em que eles aconteciam de forma clandestina. A Umbanda, que significa para todas as bandas, nasceu no Rio de Janeiro no dia 15/11/1908, através do médium Zélio Fernandino; então com 17 anos, cuja inspiração para o início das práticas mediúnicas vieram por meio do caboclo das 7 Encruzilhadas que afirmara que estava vindo naquele momento para oficializar uma nova religião onde não existiria nenhum tipo de discriminação e que estaria aberta para qualquer um.

A Umbanda é composta de um único deus (Olorum, que é o criador de tudo e todos), onde seus freqüentadores (os de "filhos de fé") reverenciam entidades superiores denominados orixás, sendo o principal Jesus (Oxalá).
A associação da religiosidade africana aos elementos do catolicismo aconteceu principalmente como estratégia de sobrevivência nas senzalas contra os maus-tratos e os castigos físicos impostos aos escravos; pois os senhores de engenho não admitiam cultos que não fossem a fé européia, daí nasceu o sincretismo religioso, pelo qual os negros associavam os orixás aos santos de seus senhores, mas na verdade estavam mesmo é praticando a fé dos ancestrais africanos.
Essa fusão da Umbanda com os elementos das culturas afro ( jêje, nagô, banto e mina), pajelança, cardecismo, catolicismo e da natureza são as bases dos rituais umbandísticos. Os cultos da Umbanda eram feitos em tendas, posteriormente terreiros. O primeiro deles foi o Centro de Umbanda Nossa Senhora da Piedade. E a religião passa a ser conhecida como "macumba", tipo de madeira usada para fabricar o atabaque, principal instrumento musical tocado na Umbanda e outras religiões de matriz africana. Em nossos dias a denominação macumba tem, em algumas regiões brasileiras, conotação pejorativa.

Após o Concilio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, a Igreja Católica passa a dialogar com as religiões de inspiração afro-índigena, mas o preconceito e a perseguição só começam a ser tipificados como crimes de intolerância religiosa a partir da promulgação da Constituição de 1988.
Texto de: Alexandre Braga
26/11/2008.
Alexandre Braga é Coordenador de comunicação da Unegro-União de Negros Pela Igualdade e da coordenação executiva do Fomene-Forum Mineiro de Entidades Negras. Email:bragafilosofia@yahoo.com.br. Belo Horizonte-MG. http://www.unegro.org.br/ e http://www.fomene.org.br/.
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